O Brasil é um país mundialmente conhecido por sua diversidade em todos os aspectos sociais. Com um país tão grande como esse, há uma grande variedade dos gostos e costumes ao longo de cada região, o mesmo acontece com a música. Tradicionalmente, cada região possui um estilo musical que mais se destaca dentre os outros, e ao longo da história do país, por vezes um estilo musical começa a se destacar dos outros, se tornando algo corriqueiro de se encontrar em todo o território nacional.
Esse fenômeno vem ocorrendo com o funk brasileiro. Antes um estilo marginalizado e até ridicularizado, com uma onde de novos cantores e letras mais diversificadas, o funk vem ganhando espaço no cenário musical mundial.
Origem Do Funk Mundial E No Brasil
O funk é um estilo musical originalmente da década de mil novecentos e sessenta, quando era o principal ritmo musical da cultura norte americana negra. Em sua forma original é uma mistura entre o soul music, juntamente de um pouco de rock, R&B e também de música psicodélica, o jazz. Com essa união de ritmos, conseguiu algo com uma batida extremamente marcante e que é totalmente apropriada para dança, além de possuir uma linha densa de baixo, um ritmo sincopado e também uma seção de rítmica e metais fortes.
No inicio do funk, ele era considerado um ritmo indecente, devido a conotação sexual pertencente à palavra “funk” no inglês, e também pela forma como era representado e dançado. Nos Estados Unidos onde se originou, ele então ficou marcado como um ritmo dançante, porém mais lento que o comparado ao que possuímos no Brasil.
Logo após a sua criação o ritmo estourou no país de origem, e com o passar dos anos ele começou a se modificar. Antes um ritmo mais lento e sexy, se tornou algo mais pesado e psicodélico, o que se tornou um subgênero do funk, o chamado P-Funk, isso ocorreu por volta da década de setenta, e novamente na década de oitenta, onde surgiram diversos outros subgêneros do funk. Sendo do funk que se derivou o hip-hop, o rap, o break e o chamado House music.
A house music era um estilo de funk onde havia a tradicional batida do ritmo, misturada a efeitos sonoros eletrônicos, e logo se tornou um grande fenômeno, sendo provavelmente um dos ritmos comercializados desses subgêneros. Como na década de oitenta a música era extremamente comercial e se espalhava rapidamente pelo mundo todo, logo conquistando muitos fãs no Brasil.
O funk no Brasil pode ser considerado um subgênero do funk que iniciou todo o movimento, e é muito parecido com o Miami Bass, um ritmo que inicialmente surgiu na Flórida.
O primeiro CD de funk lançado no Brasil foi produzido pelo DJ Malboro, e chama-se “Funk Brasil”, ele possui músicas bastante diferentes do que é consumido no Brasil como funk hoje, porém que deu origem a todo o movimento, por isso, o DJ Malboro é considerado o criador do chamado “funk carioca”, ritmo que logo estourou no Brasil e deu origem aos bailes funk, que antes eram realizados em pequenas boates e depois se tornaram grandes encontros nas ruas, principalmente de favelas.
Explosão Do Funk Nos Últimos Anos
Pode se considerar que no Brasil o funk teve dois grandes ápices, sendo que estamos vivendo um agora, desde o ano de dois mil e dezesseis.
A primeira grande explosão do funk ocorreu entre o meio dos anos noventa, até por volta do meio dos anos dois mil. Com a gravação de funks a todo o vapor na década de noventa, ele foi se tornando um ritmo presente nas rádios e em festas populares cada vez maiores. Foi nessa época também que o ritmo se tornou alvo de preconceito diante da sociedade, em parte por suas letras que no geral falando sobre a vida nas favelas, convivência com armas e drogas, e também pelas rixas entre grupos que ocorriam nos bailes funk, que por vezes resultavam em mortes.
Com a popularização e ao mesmo tempo a visão negativa do ritmo surgiu alguns funks que marcaram a história do Brasil. Vindo de cantores consagrados como Claudinho e Bochecha, Cidinho e Doca, Amilcka e Chocolate dentre outros, que criaram canções como “Rap do Salgueiro”, “Rap da felicidade” e “Som de preto”, todos sons que falam muito da vida na favela e do preconceito sofrido pelo funk.
Nessa época, os cantores de funk tiveram maior visibilidade, que aumentou ainda mais com o programa “Furacão 2000”, que inicialmente foi transmitido no Rio de Janeiro, e depois em todo território nacional. Foi por volta dos anos dois mil que surgiram os estilos de funk “proibidão”, que em seu surgimento falava sobre armas e drogas, e também as músicas com conotação sexual, que são as atualmente chamadas de proibidão.
Por volta de dois mil e dez surgiu o funk ostentação, que em sua maioria fala sobre joias, carros, mulheres e bebidas. Foi com o estouro do funk ostentação que o ritmo musical se sustenta em alta até hoje. O sucesso começou com MC’s e também com os chamados “Bondes”, grupos maiores de cantores que geralmente possuem uma coreografia em comum.
O funk está vivendo uma das suas melhores épocas no Brasil atual, pois ele vem sido valorizado dentro e fora do país. Apesar disso, ele continua sendo um ritmo marginalizado, que sofre preconceito. Porém, hoje ele está extremamente disseminado, o ritmo está presente nas rádios, em telenovelas, e principalmente na grande maioria das festas realizadas ao redor do país.
O preconceito presente nas sociedade perante o funk, é rebatido por uma fala que faz muito sentido, os cantores de funk apenas reproduzam aquilo que vivenciam, veem em sua comunidade, é uma forma de expressar e relatar a maneira de vida que levam.
Porém, há sim algumas letras que extrapolam o limite do bom senso, criando grandes polêmicas a cerca do seu conteúdo, o que é algo bom, pois de certa forma as polêmicas podem mostrar tanto aos ouvintes como aos compositores, que mesmo que aquilo seja vivenciado por eles, não é exatamente o certo.
Em dois mil e treze o funk foi caracterizado como manifestação cultural, pela Comissão de Cultura da Câmara, ou seja, sendo uma expressão característica do Brasil. Ele já é considerado patrimônio cultural desde dois mil e nove no Rio de Janeiro.
Em dois mil e dezessete foi lançada a música “Bum bum tam tam” pelo canal Kondzilla do cantor MC Fioti. Ela se tornou a primeira música brasileira a atingir um bilhão de acessos na plataforma de vídeos YouTube. Um marco para a música brasileira, conquistado por um cantor de funk.
Onda De Novos Mc’s
Com o ritmo em crescente ascendência, surgem sempre novos adeptos do mesmo, sendo os cantores de funk chamados de MC, sendo esse um acrônimo para Mestre de Cerimônias. O MC geralmente compõe e canta o que escreve, alguns até mesmo dominando a arte do improviso, eles podem ser cantores tanto de funk como de rap. Alguns nomes de Mc’s de funk são muito conhecidos, como o MC Koringa, Mr Catra, que tiveram o inicio de sua carreira por volta dos anos dois mil.
Como é um mercado crescente, nos últimos tempos surgiram muitos novos mc’s, sendo que grande parte deles são aqueles cantores de um único sucesso. Porém alguns conseguem consolidar a carreira, e crescerem nesse ramo de atuação. Alguns desses mc’s são: Mc Livinho, Mc Kevinho, Mc Pedrinho, Jerry Smith, dentre outros. Há também o Mc Pikachu, que se tornou um grande fenômeno principalmente após a sua música “Vai Toma” com a participação do Mc Fioti.
MC Pikachu – História
Nascido em vinte e sete de novembro de mil novecentos e noventa e nove, Matheus Sampaio Correa se interessou pelo funk e criou o nome artístico de MC Pikachu. Oriundo da cidade de Suzano, na Grande São Paulo, ele iniciou sua carreira como cantor aos quinze anos, em dois mil e quatorze, quando apareceu em um videoclipe do MC Bin Laden.
Um dos primeiros hits que ele cantou foi “Feliz natal”, juntamente de MC Brinquedo e MC 2k. Depois disso os seus sucessos foram “Tava na rua”, “I Love Favela”, “Profissional”, dentre alguns outros. O conteúdo de algumas de suas letras é explicitamente sexual, com um teor que pode até ser considerado ofensivo por alguns. Ele foi duramente criticado pelas suas letras, principalmente por ser um cantor menor de idade, resultando em ser impedido de fazer shows.
Apesar do conteúdo das suas letras não agradar todo mundo, ele é considerado um dos principais representante do Funk paulista, ou também chamado de funk ousadia. O Funk Paulista é usado quando o artista nasceu em São Paulo, mesmo que suas músicas se aproximem mais do funk carioca. O Funk Ousadia surgiu por volta de dois mil e treze em São Paulo, suas canções em sua maioria possuem conotação sexual e erotismo, incluindo um pouco de bom humor e trocadilhos, dessa forma tentando deixar a música mais “light”.
Mc Pikachu por ser muito jovem e ter conquistado potencial sucesso, foi considerado um exemplo para os jovens nas comunidades paulistas, sendo o influenciador de diversos novos MC’s.
Em dois mil e dezesseis o Jornal The New York Times lançou uma lista das trinta músicas mais “importantes, históricas e recentes” do Brasil, devido a ocorrência do Rio-2016. Na lista estava presente a canção “Choque”, parceria entre MC Pikachu e MC Bin Laden. Essa indicação causou grande controvérsia e estardalhaço na mídia, devido ao conteúdo extremamente pornográfico da música. Ainda em dois mil e dezesseis lançou “Vai Toma”, em parceira com MC Fioti, contendo fortes referências aos Mamonas Assassinas e também ao Tim Maia, com a canção se tornando um dos destaques do Spotify Brasil e também no Paraguai.
Em dois mil e dezessete o jovem MC foi internado após sentir dores de cabeça extremamente fortes, descobrindo depois que se tratava de uma hidrocefalia, tendo que passar por uma cirurgia de redução de líquidos, depois foi descoberto um pequeno tumor, que também foi retirado no ano de dois mil e dezessete. Logo o cantor voltou a fazer seus shows.
MC Pikachu – Frases
Conheça algumas frases das canções desse controverso MC:
“Hoje os meninos tá como? Tipo cachorro sem dono, colecionando cadela” (Mc Pikachu – Cachorro sem dono)
“Mulher não me provoca assim, que desse jeito eu não aguento, se eu te pegar, se eu te pegar, se eu te pegar, te arrebento” (Mc Pikachu – se eu te pegar);
“Fuder na Praia Grande deve dar uma brisa monstra, pula no meu pau, se alguém perguntar tá pulando onda” (Mc Pikachu – Pulando onda);
“Se liga DJ, esse baile tá uma uva. Tá chovendo perereca, meu pau virou guarda chuva.” (MC Pikachu – Guarda chuva);
“Posso fica rico, mas não saio dela, de quem que eu to falando? I Love Favela.” (Mc Pikachu – I Love favela);
“Essa novinha é profissional, ela senta gostoso demais. Na hora da treta ela sabe como é que faz.” (MC Pikachu – Novinha Profissional);
“Meu pau não luta boxe, nem muay-thai nem capoeira. Ele luta karatê, estoura o cabaço com a cabeça” (Mc Pikachu – Karatê).
Conteúdo Das Músicas
As frases acima são apenas uma pequena parte do conteúdo musical desse cantor. Fica evidente como o funk nacional passou a explorar o corpo feminino e atos sexuais totalmente do ponto de vista masculino para promover a sua música. Essa erotização principalmente do corpo feminino não é saudável e nem promove o respeito as mulheres, apesar de se fazer parecer como uma brincadeira, é possível afirmar que as letras de funk poderiam ter um conteúdo melhor, pois em relação a sua batida, é extremamente contagiante e empolgante.