Por Onde Passo Clarice Lispector

Clarice Lispector foi uma das escritoras mais marcantes da literatura brasileira, e também trabalhou como jornalista. Ela é considerada um dos maiores destaques da terceira fase do Modernismo brasileiro, escrevendo de forma inovadora, com uma linguagem extremamente poética.

Ela também trabalhou como tradutora, já que dominava pelo menos sete idiomas, sendo: português, inglês, francês, espanhol, hebraico, iídiche e russo. Porém ela traduzia para o português somente livros em inglês, francês e espanhol, traduzindo durante a sua vida 35 obras.

Biografia Da Escritora – Primeiros Anos

Clarice nasceu sob o nome de Chaya Pinkhasovna Lispector, no dia 10 de dezembro do ano de 1920. Seus pais eram Mania Lispector e Pinkhas Lispector, que tiveram ainda mais duas filhas antes de Clarice, sendo Leah nascida no ano de 1911 e Tania nascida no ano de 1915.

Quando Clarice nasceu, a família estava preparando uma fuga no país de origem, Ucrânia, já que o território passava por uma fase de antissemitismo, e a família era Judia. A família tentou uma primeira fuga, de maneira ilegal, que não teve sucesso, um tempo depois conseguiram passaportes válidos para que viessem todos ao Brasil.

No Brasil a família se instalou em Maceió, foi aqui que os nomes russos tiveram que mudar para nomes mais comuns no Brasil, e Chaya passou a se chamar Clarice.

Clarice Lispector - Biografia

Clarice Lispector – Biografia

Após um tempo em Maceió, a família se mudou para Recife, onde Clarice frequentou a primeira escola, aprendendo lá a ler e escrever, e logo começou a escrever pequenos contos. Ainda na infância ela já estudava francês e inglês, além de conhecer a língua nativa dos pais. Quando concluiu o primário ela conseguiu ingressar no Ginásio Pernambuco, que era a escola pública de maior qualidade da cidade. Por volta dessa época a mãe de Clarice se encontrava extremamente doente, e a menina sempre tentava alegrar ela mostrando os contos que havia escrito, porém, aos 9 anos de idade, Clarice infelizmente viu a mãe falecer.

Quando Clarice estava com 14 anos a sua família se mudou para o Rio de Janeiro, lá ela prestou concurso publico para ingressar trabalhando no Ministério do Trabalho, e conseguiu a vaga graças a um amigo politico da família.

Faculdade, Casamento, E Primeiras Publicações

Casamento de Clarice Lispector

Casamento de Clarice Lispector

Após terminar o segundo grau ela ingressou na Faculdade Nacional de Direito, um local frequentado praticamente pela elite carioca, o que fez com que a presença dela ali fosse questionada. Clarice permaneceu um tempo estudando direito, mesmo não tendo total paixão pela área, sendo maior apreciadora da literatura. Ela começou a trabalhar como redatora na Agência Nacional, e logo publicou um conto na revista Pan, trabalhou também no jornal A Noite. Nessa época Clarice perdeu o pai, e foi morar com a irmã mais velha.

Na faculdade de Direito ela conheceu Maury Gurgel, com quem iniciou um relacionamento, e se casaram após ela conseguir nacionalidade brasileira, no ano de 1943, nesse mesmo ano eles se formaram em Direito, porém nenhum dos dois compareceu a formatura.

Ela fez amizade no trabalho com Lúcio Cardoso, um jornalista já conhecido no meio literário, foi ele quem apresentou para Clarice a maior parte desse universo, criando contatos para ela com pessoas como Rachel de Queiroz, Vinicius de Moraes, Otávio de Faria, e outros escritores influentes da época. Publicou no ano de 1944 seu primeiro romance, “Perto do coração selvagem”, que foi bem acolhido pela crítica, recebendo inclusive o Prêmio Graça Aranha.

Maury, marido de Clarice, era um diplomata brasileiro, por isso precisava viajar para fora do país a trabalho, ela o acompanhou em várias viagens, sendo a primeira para Nápoles, na Itália. Lá, no período de guerra, ela se tornou voluntária em um hospital da Força Expedicionária Brasileira, e passava seu tempo escrevendo seu segundo romance, “O Lustre”, que foi publicado em 1946. A segunda viagem dos dois é para Berna, na Suíça, onde os dois passam a viver, e em 10 de agosto de 1948 Clarice e Maury tem o seu primeiro filho, Pedro Lispector Valente.

Mesmo longe do Brasil, a escritora trocava correspondência com amigos no país, e enviava seus escritos para que eles lessem e fossem publicados. No ano de 1949 vem seu terceiro livro, “A cidade Sitiada”. Nessa época ela passa a se dedicar a contos, e publica o livro “Alguns Contos”, no ano de 1952. A família se muda para aos Estados Unidos, e lá o casal tem seu segundo filho, Paulo Lispector Valente, no dia 10 de fevereiro do ano de 1953.

Volta Ao Brasil E Fim Da Vida

Clarice anseia voltar a viver no Brasil, e no ano de 1959 ela se separa do marido e retorna ao país junto dos dois filhos, para morar no Rio de Janeiro. Lá instalada ela passa a trabalhar no Jornal Correio da Manhã, onde escrevia uma coluna chamada “Correio Feminino”, e também no Diário da Noite, com a coluna chamada “Só Para Mulheres”.

Ainda em 1959 ela lança seu próximo trabalho, chamado “Laços de Família”, um livro de contos. No ano de 1961 lança o livro “A maçã no Escuro” que recebeu o prêmio de melhor livro no ano seguinte. Em 1967 ela publica “O mistério do Coelhinho Pensante”.

O mistério do Coelhinho Pensante

O mistério do Coelhinho Pensante

Em 1967 ocorre um incêndio na casa de Clarice, devido a um cigarro, e ela sofre várias queimaduras no corpo, principalmente na mão, que teve que passar por várias cirurgias para que não precisasse ser amputada. A partir de então ela passa um período sozinha e afastada de todos. Ela continua trabalhando publicando crônicas no Jornal do Brasil, além de integrar o Conselho Consultivo do Instituto Nacional do Livro. No ano de 1976 ela recebe o prêmio do X Concurso Literário Nacional de Brasília, pelo conjunto de sua obra. No ano seguinte ela publica “Hora da Estrela”.

Em 1977 Clarice descobre um câncer de ovário, que foi detectado de maneira tardia, e já havia se espalhado por todo seu organismo. Ela faleceu no dia 9 de dezembro do ano de 1977, um dia antes de completar 57 anos de idade. Seu corpo se encontra no Cemitério Israelita do Caju.

A escritora deixou um legado de diversas obras, que são ferramentas de estudo em escolas e, além disso, são de grande conteúdo para aqueles apreciadores da literatura. Algumas de suas frases são amplamente citadas, principalmente em tempos com as redes sociais, sendo sempre uma escritora lembrada.

Suas Obras

  • Perto do coração selvagem (1942)
  • O Lustre (1946)
  • A Cidade Sitiada (1949)
  • Laços de Família (1960)
  • A Maçã no Escuro (1961)
  • A Legião Estrangeira (1964)
  • A Paixão Segundo G. H (1964)
  • O Mistério do Coelho Pensante (1967)
  • A Mulher que Matou os Peixes (1968)
  • Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres (1969)
  • Felicidade Clandestina (1971)
  • Água Viva (1973)
  • A Imitação da Rosa (1973)
  • Via Crucis do Corpo (1974)
  • Onde Estivestes de Noite? (1974)
  • Visão do Esplendor (1975)
  • A Hora da Estrela (1977).

Algumas Frases De Clarice Lispector

Frase De Clarice Lispector

Frase De Clarice Lispector

  • “Minhas desequilibradas palavras são o luxo do meu silêncio.”
  • “Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.”
  • “Até onde posso vou deixando o melhor de mim…Se alguém não viu…Não me sentiu com o coração.”
  • “Mas quero ter a liberdade de dizer coisas sem nexo como profunda forma de te atingir. Só o errado me atrai, e amo o pecado, a flor do pecado.”
  • “Vida é o desejo de continuar vivendo e viva é aquela coisa que vai morrer. A vida serve é para se morrer dela.”
  • “O tempo corre, o tempo é curto: preciso me apressar, mas ao mesmo tempo viver como se esta minha vida fosse eterna.”
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