É sabido que grande parte das pessoas que detém grande sucesso pessoal e/ou profissional passou por fases de bastante dificuldade e fracassos que antecederam o sucesso. De acordo com Augusto Cury, o reconhecimento de seus próprios erros e fracassos pode fazer com que os seres humanos possam aprender e utilizar desse autoconhecimento sobre seus pontos fracos, como uma semente para sua inteligência, seu apogeu e, consequentemente, seu sucesso.
Augusto Cury é um escritor brasileiro, professor e médico psiquiatra. Estuda e tem foco de pesquisa na área de desenvolvimento de inteligência e sobre a qualidade de vida dos seres humanos. Um de seus principais livros é o intitulado “Inteligência Multifocal”, que defende a Teoria da Inteligência Multifocal (TIM) e vendeu mais de vinte e cinco milhões de exemplares só no Brasil, embora os livros do autor sejam publicados em mais de cerca de setenta países. A TIM se fundamenta na questão da percepção do ser humano perante o mundo em sua volta, isto é, sobre sua realidade. Dependendo da percepção de cada um, há uma gama complexa de interpretações que podem ser realizadas e é esse o principal objetivo da Teoria em questão.
Considerando o fato de que há diversos âmbitos na realidade de um indivíduo, a construção do chamado “processo de interpretação” necessita abordar todos esses parâmetros, de modo a se aproximar o máximo possível da realidade, o que a torna multifocal. Uma pessoa que pratica a TIM e, portanto, detém esse tipo de inteligência, consegue observar melhor as relações entre ela mesma e os outros, ela mesma e o mundo à sua volta, de modo consciente e também inconsciente, como se houvesse uma força capaz de criar uma consciência crítica que ofereça à pessoa que o pratica, um poder de administrar melhor suas relações com os processos e atitudes inconscientes de outrem.
Dessa maneira, teoricamente, a redução das distorções culminadas pelos processos inconscientes reduz o sofrimento emocional e o adoecimento psíquico do indivíduo, uma vez que o permite visualizar tudo diante de vários ângulos, podendo, portanto, abrir um leque maior de pensamentos, resultados, resoluções e possibilidades possíveis para o seu bem estar, o que indiretamente o torna um indivíduo mais saudável. A primeira linha de estudos da TIM aborda a questão da Natureza e sua relação com a construção dos pensamentos do indivíduo; a segunda aborda a memória e seus papeis conscientes e inconscientes; a terceira contempla a formação do “Eu” como um líder do âmbito psíquico e a quarta e última linha de estudo da teoria aborda o assunto da inteligência nas principais funções de um ser humano, como na questão de exposição e não imposição dos pensamentos aos demais seres humanos, na questão da empatia, da educação e proteção de suas próprias emoções, além do gerenciamento dos pensamentos e certo controle sobre o inconsciente a partir da observação e contemplação das coisas belas que existem na vida, da valorização da liberdade de expressão, de criatividade e aprendizagem do poder de resiliência. Diante dessas habilidades emocionais e psíquicas, a pessoa se torna capaz de aprimorar seu poder de controle sobre os problemas que a vida traz ou eventualmente pode trazer, uma vez que a vida cem por cento plena e blindada de intempéries não é uma realidade.
Sendo assim, se o indivíduo têm sua realidade explanada diante de si, com todos os pontos e intercorrências dissecados em seu campo de visão e, sobretudo, se ele consegue concentrar inteligência em seu processo inconsciente, esses maus tempos que a vida lhe traz podem não ser, de fato, de todo o mal, isto é, o indivíduo pode fazer desta uma experiência que fará com que ele planeje e delineie seu futuro com muito mais sucesso e segurança sobre si mesmo. É por isso então que surge a afirmação que dá título a este texto, uma vez que com os erros e com os fracassos podemos aprender e aprimorar nossa inteligência para que consigamos enfrentar de uma maneira cada vez melhor as circunstâncias de contratempos que são inerentes à vida humana e, assim, conquistar o sucesso.
Prova de que essa teoria é verdadeira, são os diversos casos de pessoas famosas ou que têm o título de excelência em suas profissões na atualidade, mas que seus passados revelam histórias de muitas derrotas, muitos “nãos” e muito aprendizado que foi tirado de todas as tortuosidades de seus caminhos e que contribuíram para que essa fama, esse sucesso e essa excelência fossem conquistados. A maioria das biografias das pessoas de sucesso têm em comum uma trajetória marcada por erros, derrotas, “nãos” e fracassos. Talvez a quantidade de erros esteja relacionada também com o número de tentativas, pois há também a máxima de que a insistência e a persistência podem levar à excelência uma vez que sejam praticadas a partir de um trabalho constante. Isso porque um ser humano acomodado com tudo ao seu redor, que não procura o novo, não apresenta perspectivas de melhora e de movimento em busca do maior, da perfeição e da plenitude tende a permanecer na inércia, pois, como na física, nada o afeta a ponto de fazê-lo mudar sua constância, que também pode ser interpretada como uma vida monótona e de pouco significado pessoal. “Fulano apenas viveu”.
É por isso também que costuma ser dito que as dúvidas e, consequentemente, os erros fazem parte do aprendizado, pois quem não erra é porque não tenta. Se algo novo está sendo tentado há grandes chances de que antes que ele dê certo, quem o está tentando tenha errado muitas e muitas vezes antes de culminar no acerto. Michael Jordan, por exemplo, disse em inúmeras entrevistas durante toda a sua carreira sobre o quanto errou e fracassou antes de se tornar o ser humano com as qualidades que lhe são atribuídas nos dias de hoje e ele mesmo afirma que todas as suas falhas e todos os seus fracassos são o que fazem com que hoje ele seja considerado um homem de sucesso por todo o mundo.
Histórias semelhantes ocorreram com outras pessoas de diversas profissões, o que não nos limita a pensar que é apenas o treino constante e incansável dos atletas – sem as lições aprendidas com suas derrotas – que fizeram com que eles chegassem onde estão, com todas as suas vitórias e seus reconhecimentos. Os acertos também fazem parte do aprendizado, mas os erros tendem a ser mais marcantes para o cérebro do indivíduo, uma vez que a experiência negativa é como um modo de defesa próprio da evolução humana e, como fruto também da evolução, aprendemos a saber lidar com essas negatividades – é claro que, cada um ao seu modo e à sua capacidade de resiliência – de uma maneira geral, com a intenção de que esse erro não se repita novamente. No entanto, para que obtenhamos sucesso diante dos erros e dos fracassos estes não necessariamente precisam acontecer conosco.
É sábio o homem que aprende com o próprio erro, mas é mais sábio ainda aquele homem que aprende com os erros dos outros, uma vez que ele não precisou fracassar para aprender, mas apenas ser observador o suficiente para não errar e fracassar como seu semelhante. Enfim, a certeza de que os erros e os fracassos contribuem para o sucesso é sabida. Basta saber desenvolver a inteligência para que possamos aprender com nossa própria realidade e conosco mesmo, tendo como finalidade alcançar os nossos sonhos e a conquistar o que almejamos em nossas vidas, nos tornando, portanto, seres humanos de sucesso, muito sucesso.
