Salmos 137

Você está com aquelas saudades de pessoas que estão muito longe, seja neste ou no outro plano? Ou, pelo contrário, está se sentindo magoado ou mesmo com ciúmes ou inveja incontroláveis? A grande dica para quem está sofrendo por estas problemáticas está na leitura dos Salmos 137 da Bíblia. Palavras de sabedoria que acalmam até mesmo aqueles pertencentes a outras doutrinas religiosas.Nos versos escritos é notória a grande saudade que o autor sentia principalmente de Israel.

A Bíblia Sagrada é dividida em duas grandes partes, e cada uma delas é dividida em livros. As partes principais da Bíblia são: o Antigo Testamento e o Novo Testamento, dentro de cada uma dessas partes existem os livros que no total são 66, sendo 39 pertencentes ao Antigo Testamento e 27 pertencentes ao Novo Testamento.

Dentro dos livros do Antigo Testamento há uma divisão de grupos de livros, que são organizados de acordo com o seu tipo. A divisão é a seguinte:

Grupo 1: Pentateuco ou torá (livros da lei): Tais livros estão organizados dentro de seu grupo de forma cronológica, sendo eles: Gêneses, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.
Grupo 2: Livros históricos: Esses livros contam a história de Israel, também são organizados de forma cronológica, sendo eles: Josué, Juízes, Rute, I Samuel, II Samuel, I Reis, II Reis, I Crônicas, II Crônicas, Esdras, Neemias e Ester.
Grupo 3: Livros poéticos: São escritos em forma de cânticos ou literatura poética, dentro desse grupo a organização é de acordo com a relevância de cada um, sendo eles: Jó, Salmo, Provérbios, Eclesiastes e Cantares.
Grupo 4: Profetas maiores: Esses livros contam a história dos maiores profetas de Israel, dentro desse grupo a organização também é de acordo com a relevância, sendo eles: Isaias, Jeremias, Lamentações, Ezequiel e Daniel.
Grupo 5: Profetas menores: Esses livros contam a história de outros profetas importantes de Israel, sendo eles: Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias.

Agora que você já conhece todos os livros bíblicos, vamos conhecer um pouco mais sobre o livro de Salmos.

Livro de Salmos

O Livro de Salmos é o primeiro que fala claramente sobre o Messias e seu reinado, e também fala sobre o Juízo final, esse é o maior livro da Bíblia, sendo constituído por 150 cânticos e poemas proféticos. Esse livro é considerado o coração do Antigo Testamento.

Nos tempos antigos em Israel, tal livro era usado como hinários no Templo de Jerusalém, e nos dias atuais várias de suas partes são usadas como orações e também louvores.

A maioria dos salmos tem como autor o rei Davi, além disso, outros autores são Asafe, os filhos de Corá, o rei Salomão, Etã e Moisés, além de haver um grande número de salmos que possuem autoria anônima. O período em que eles foram escritos varia, havendo um lapso temporal de aproximadamente um milênio, mas acredita-se que tais poemas são basicamente expoentes da poesia no mundo todo.

Os salmos eram transmitidos por meio da tradição oral, e eles foram escritos quando ocorreu um recolhimento das tradições israelitas. Todos os salmos possuem um caráter musical e mesmo quando recitado sem acompanhamento de instrumentos acaba mantendo tal caráter.

Alguns salmos são considerados proféticos, pois eles se referem à vinda de Cristo, sendo que eles foram escritos antes da ocorrência de tal fato. Sendo os apontados dessa forma o Salmo 91, o Salmo 2, o Salmo 8, o Salmo 16 e o Salmo 22.

Os salmos são divididos em versículos, sendo que normalmente existe um versículo introdutório, onde é atribuída à autoria e também se aponta que instrumento deve ser usado para cantar o texto, mas esse versículo existe somente na Bíblia grega.

Agora que já sabemos mais sobre o livro dos salmos, vamos conhecer um dos Salmos existente nele, o Salmo 137.

¹ Junto aos rios da Babilônia, ali nos assentamos e choramos, quando nos lembramos de Sião.

² Sobre os salgueiros que há no meio dela, penduramos as nossas harpas.

³ Pois lá aqueles que nos levaram cativos nos pediam uma canção; e os que nos destruíram, que os alegrássemos, dizendo: Cantai-nos uma das canções de Sião.

⁴ Como cantaremos a canção do Senhor em terra estranha?

⁵ Se eu me esquecer de ti, ó Jerusalém, esqueça-se a minha direita da sua destreza.

⁶ Se me não lembrar de ti, apegue-se-me a língua ao meu paladar; se não preferir Jerusalém à minha maior alegria.

⁷ Lembra-te, Senhor, dos filhos de Edom no dia de Jerusalém, que diziam: Descobri-a, descobri-a até aos seus alicerces.

⁸ Ah! filha de babilônia, que vais ser assolada; feliz aquele que te retribuir o pago que tu nos pagaste a nós.

⁹ Feliz aquele que pegar em teus filhos e der com eles nas pedras.

Como Entender E Interpretar O Salmo 137?

Salmo 137

Esse é um cântico de Sião, que se caracteriza por ser um salmo imprecatório, que seria um salmo onde se está rogando uma praga ou havendo uma espécie de maldizer, evidenciando o desespero daqueles que sofreram a destruição de Jerusalém. Não se sabe qual é o autor do Salmo 137.

Ao ler tal salmo podemos ver uma emoção profunda e intensa em sua estrutura. Isso fica evidenciado ao entendermos a situação que ele retrata. No monte Sião existia o templo dos judeus em Jerusalém, tal local foi completamente destruído pela Babilônia no ano de 586 a.C. Após a destruição, os judeus que sobraram foram mantidos em cativeiro, Mas a destruição ocorreu pois o povo de Judá havia se afastado de Deus, e foi uma forma de castigo do mesmo. Mas no Salmo, fica evidenciado a lamentação dos judeus por estar vivendo em situação reclusa.

O Salmo 137 é dividido da seguinte forma: Lamentação a lembrar da destruição de Sião (Versículos 1 a 4), desejo de rever Jerusalém (Versículos 5 e 6), desejos de represálias contra os que destruíram Jerusalém (Versículos 7 a 9).

Vamos acompanhar melhor cada um desses versículos, para interpretá-los de forma separadamente:

“Às margens dos rios da Babilônia, nós nos assentávamos e chorávamos, lembrando-nos de Sião”(Salmos 137, verso 1)

Nesse verso fica exposto a saudade que os Judeus tinham de sua terra, e principalmente do local que eles iam para adorar a Deus, onde estava localizado o seu Templo. O templo havia sido construído há 300 anos antes, mas a destruição ocorreu, pois Deus percebeu que o povo de Sião havia se afastado dele.

“Sobre os salgueiros que há no meio dela, penduramos as nossas harpas.” (Salmos 137, verso 2)

As harpas eram os instrumentos usados para adoração, além disso, a música está muito associada à alegria, e os Judeus estavam tristes e fora de sua terra de origem, por isso, eles se recusavam a tocar música.

“Pois lá aqueles que nos levaram cativos nos pediam uma canção; e os que nos destruíram, que os alegrássemos, dizendo: Cantai-nos uma das canções de Sião.” (Salmos 137, verso 3)

Os babilônios, para zombar ou talvez por curiosidade pediam para que eles tocassem seus instrumentos, mas eles tomavam isso como uma ofensa. Como é evidenciado nesse trecho, eles consideravam a música algo alegre, portanto, por que eles tocariam para aqueles que destruíram suas terras?

“Como cantaremos a canção do Senhor em terra estranha?” (Salmos 137, verso 4)

Aqui mostra outra preocupação dos judeus, como eles não se sentiam em casa em cativeiro, não se sentiam confortáveis em cantar suas canções. Talvez, o fato de se sentirem longe do Senhor também não os motivava.

“Se eu me esquecer de ti, ó Jerusalém, esqueça-se a minha direita da sua destreza.” (Salmos 137, verso 5)

É evidenciado nesse trecho a fidelidade que o povo tinha por sua terra, e por haver tal amor e fidelidade, eles se amaldiçoavam caso esqueçam de sua terra natal.

“Se me não lembrar de ti, apegue-se-me a língua ao meu paladar; se não preferir Jerusalém à minha maior alegria.” (Salmo 137, verso 6)

Assim como no verso anterior continua havendo uma maldição proferida contra eles mesmos caso esqueçam-se de sua terra natal. Talvez seja difícil compreender o tamanho desse amor somente por esses versos, mas no restante do Antigo Testamento, por diversas vezes fica evidenciado que o local representa muito para eles, pois é o seu lugar de adoração, é a cidade onde há a presença de Deus para eles.

“Lembra-te, Senhor, dos filhos de Edom no dia de Jerusalém, que diziam: Descobri-a, descobri-a até aos seus alicerces.” (Salmo 137, verso 7)
Salmo 137-7

Os filhos de Edom é como são chamados os edomitas, descendentes de Esaú, e parentes próximos dos israelitas. O povo de Edom não ajudou os judeus quando necessitaram, pelo contrário, se uniram aos inimigos e dificultaram sua fuga, além disso, eles zombaram enquanto a cidade era destruída.

“Ah! filha de babilônia, que vais ser assolada; feliz aquele que te retribuir o pago que tu nos pagaste a nós.” (Salmo 137, verso 8)

Nesse trecho existe uma nova maldição, dessa vez contra toda a nação da Babilônia que destruiu sua terra natal. No caso, filha de Babilônia é usada como referência a todos os que pertencem a esse povo, imaginando como será quando eles sofrerem assim como os judeus sofrerem. Eles sabem que a nação foi usada como instrumento de Deus para os castigar, mas mesmo assim, os babilônicos cometeram crimes violentos contra aquela população.

Também é possível ter uma outro interpretação desse trecho. A expressão filha de Sião era usada no Antigo Testamento para se referir a filha de Deus, um termo afetivo. Talvez o uso de filha de babilônia tenha sido imposto de forma sarcástica, já que a filha da Babilônia não seria filha do Deus que todos eles acreditam, mas sim de outro deus.

“Feliz aquele que pegar em teus filhos e der com eles nas pedras.” (Salmos 137, verso 9)

Aqui nesse verso continua a maldição ao povo que destruiu sua terra e os deixou em cativeiro. Os babilônios usaram muita violência contra o povo judeu e esse ato levou a destruição de sua nação algumas décadas, permitindo que os judeus voltassem a Jerusalém.

Como forma de mostrar que a irá de Deus contra a nação seria muito intensa, é dito que feliz é aquele que matar seu filho, para que ele não sofra na mão dos que vierem destruir sua nação.