O Trato Com as Crianças
Quando sofri um AVC isquêmico em 2005, passei por situações muito diferentes das quotidianas. Quando já estava em franco processo de recuperação, fomos de ônibus visitar um parente em outra cidade. De lá, o visitado nos convidou para irmos à casa de outro parente, que não víamos há muito tempo. No caminho, o sobrinho que dirigia seu carro me perguntou se eu me lembrava do tempo em que ele era garotinho e quando entrava em meu carro, já ia logo pulando o banco traseiro para ficar na “cozinha” do carro. Não precisei de muito esforço para me lembrar do tempo em que namorava sua tia, minha esposa hoje, e ele ia de “vela” em alguns de nossos passeios. Confesso, não achava muita graça, mas, com “carinha alegre” recebia a criança.
Crianças Crescem e Se Transformam Em Pessoas Adultas
Perguntei a ele a impressão que tinha sobre as vezes que passeou conosco. Senti sinceridade em sua fala quando me elogiou nas vezes que o acolhi. Menos mal, pois só depois que crescemos como pessoa é que entendemos o valor de cuidarmos bem dos pequenos que estão ao nosso redor. Que cena desagradável seria ter percebido ou ouvido frase de desagrado do rapaz com provável descaso do passado.
No Trabalho
Cena ímpar é tratarmos mal nossos subordinados hierarquicamente na empresa e um dia um deles se tornar nosso chefe imediato. Que contra-senso, não? Ser mole no comando é uma coisa desastrosa, mas tratar mal a equipe é pior ainda. Lendo sobre um “case” profissional, pude ver o depoimento preocupado de um médio executivo em ter como diretor ao longo do tempo um antigo funcionário pisoteado por ele. Preocupações à parte, deve ser hilário.
O polimento no trato com a equipe pode ser fácil, caso ela esteja motivada a chegar ao ponto pretendido pela empresa; caso contrário, penso que o melhor é procurar mudar o time de acordo com a percepção do gestor, para o descaso com a meta por um ou por outro.
Em Casa
No trabalho há a possibilidade de troca de peças na equipe, mas e em casa? “Não gostei deste rebento que a cegonha me trouxe, vou mandar trocar”. Não dá. O melhor negócio é buscar a solução no convívio familiar, tanto quanto no convívio social.
O não perceber as possibilidades e aptidões que temos em casa muitas vezes nos levam à burrices familiares que só serão percebidas no futuro, muitas vezes custando anos de terapia para minimizar a dor. Educadores que nos julgamos, muitas vezes trocamos os pés pelas mãos, até por ignorância ou querermos aplicar em uma geração, conceitos e castigos aplicáveis outrora.
Autor: Dirceu Pereira Mendonça