Fernando Pessoa nasceu no ano de 1888 e foi um dos mais importantes poetas da língua portuguesa, sendo uma das figuras principais do Modernismo português. Faleceu no dia 30 do mês de novembro do ano de 1935, devido a uma cirrose hepática.
Seus poemas tinham o conteúdo voltado para os temas tradicionais de Portugal, trazendo também várias reflexões sobre solidão, inquietações e tédio pessoal. Ele criou vários heterônimos, poetas que eram totalmente diferentes entre si, com personalidades e formas de escritas próprias.
Biografia
Nasceu no dia 13 do mês de junho do ano de 1888, na cidade de Lisboa, em Portugal. Seus pais eram Joaquim de Seabra Pessoa e Maria Magdalena Pinheiro Nogueira Pessoa.
Seu pai morreu quando tinha apenas 5 anos de idade. A mãe se casou de novo com o comandante militar João Miguel Rosa, e junto dele se mudaram para a África do Sul, a fim de segui-lo em sua carreira como cônsul português. Na África do Sul, Fernando estudou no colégio de freiras e na Durban High School.
Começou a escrever seus poemas ainda criança, os primeiros datam de 1901, no ano seguinte a família retorna para Lisboa, mas em 1903, Fernando Pessoa retorna sozinho para a África do Sul para frequentar a Universidade de Capetown, onde ficou até 1905.
Ao retornar para Lisboa ele ingressa na Faculdade de Letras, para cursar Filosofia. No ano de 1907 ele abandona a faculdade para seguir a carreira que desejava, como escritor.
Em 1912 é contratado para ser crítico literário pela revista “Águia”. No ano de 1914 ele se torna poeta em “A Renascença”, e no ano seguinte passa a liderar o grupo que criou a revista “Orpheu”, que era composto por vários escritores, como Ronald de Carvalho, Raul Leal, Mário de Sá-Carneiro, dentre outros. A “Orpheu” foi um dos maiores porta-voz da liberdade de expressão e criticas as instabilidades sociais, durante a primeira república, com publicações que chocavam constantemente a sociedade conservadora.
Pouco do talento pessoal de Fernando Pessoa foi demonstrado enquanto ele ainda vivia, havendo mais obras póstumas que as publicadas em vida. No ano de 11934 ele se candidatou ao prêmio de poesia do Secretariado Nacional de Informações de Lisboa, com sua obra “Mensagem”, que é seu único livro publicado em vida. Ele obteve o segundo lugar na premiação.
Heterônimos de Fernando Pessoa
O poeta se tornou vários ao mesmo tempo, se definindo como “plural”, criando personalidades diferentes para os vários poetas que viveram nele. Cada um deles possuía uma biografia, sendo indivíduos diferentes entre si. Confira todos abaixo:
Alberto Caeiro
Nasceu no dia 16 do mês de abril do ano de 1889, na cidade de Lisboa, sendo órfão de pai e mãe. Viveu quase toda a sua vida no campo com uma tia, sem ter tido educação além da primária.
Sua poesia tinha relação com a natureza e com os valores ingênuos que alimentam a alma. Caeiro é conhecido por tudo que escreve ter um significado simples, sem complicações, sendo bem objetivo. Ele morreu no ano de 1915, de tuberculose.
Ricardo Reis
Nasceu no dia 19 do mês de setembro do ano de 1887, na cidade de Porto, também em Portugal. Estudou em uma escola de jesuítas e se formou em medicina. Era monarquista, e se exilou para o Brasil quando foi proclamada a República em Portugal.
Era admirador da cultura clássica, transmitindo isso em seus poemas, estudou latim, mitologias e grego. Sua obra era cheia de princípios aristocráticos, sendo bem clássica.
Bernardo Soares
É considerado um “semi-heterônimo”, pois não possui uma biografia tão desenvolvida. Escreveu o livro “Desassossego”.
Álvaro de Campos
Esse é o heterônimo mais importante de Fernando Pessoa, sendo o que mais se destacou. Álvaro de Campos nasceu no dia 15 do mês de outubro do ano de 1890, na cidade de Tavira, no sul de Portugal. Estudou na Escócia na faculdade de Engenharia Naval.
Era jovem, moderno, rebelde e agressivo, com versos que demonstrava revolta com o movimento literário, querendo o transformar. Escreveu alguns dos poemas mais conhecidos do autor, como “Tabacaria”, “Ode Triunfal” e “Ode Marítima”.
Obras Publicadas Durante Sua Vida:
- 35 Sonnets
- Antinous
- Inscriptions
- Mensagem, publicado no ano de 1934.
Obras Publicadas Após Sua Morte:
- Poesias de Fernando Pessoa, publicado no ano de 1942.
- Poesias de Álvaro de Campos, publicado no ano de 1944.
- A Nova Poesia Portuguesa, publicado no ano de 1944.
- Poesias de Alberto Caeiro, publicado no ano de 1946.
- Odes de Ricardo Reis, publicado no ano de 1946.
- Poemas Dramáticos, publicado no ano de 1952.
- Poesias Inéditas I e II, publicado nos anos de 1955 e 1956.
- Textos Filosóficos, 2 v, publicado no ano de 1968.
- Novas Poesias Inéditas, publicado no ano de 1973.
- Poemas Ingleses Publicados por Fernando Pessoa, publicado no ano de 1974.
- Cartas de Amor de Fernando Pessoa, publicado no ano de 1978.
- Sobre Portugal, publicado no ano de 1979.
- Textos de Crítica e de Intervenção, publicado no ano de 1980.
- Carta de Fernando Pessoa a João Gaspar Simões, publicado no ano de 1982.
- Cartas de Fernando Pessoa a Armando Cortes Rodrigues, publicado no ano de 1985.
- Obra Poética de Fernando Pessoa, publicado no ano de 1986.
- O Guardador de Rebanhos de Alberto Caeiro, publicado no ano de 1986.
- Primeiro Fausto, publicado no ano de 1986.
Poesia De Fernando Pessoa Para Todos
É uma antologia da poesia do autor, que pretende alcançar a todos, já que possui poemas que ele escreveu para seu público infantil, assim como os escritos para adultos. Publicado pela Martins Editora, possui 44 páginas.
Confira 3 poemas de Fernando Pessoa abaixo:
Dorme, criança, dorme
Dorme que eu velarei;
A vida é vaga e informe,
O que não há é rei.
Dorme, criança, dorme,
Que também dormirei.Bem sei que há grandes sombras
Sobre áleas de esquecer,
Que há passos sobre alfombras
De quem não quer viver;
Mas deixa tudo às sombras,
Vive de não querer.Mar Português
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.Autopsicografia
O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.