A questão do desapego é algo que está muito em alta nos dias atuais, devido à mudança rápida de status social das pessoas, que se envolvem cada vez mais nos chamados “relacionamentos líquidos”. Geralmente após um relacionamento passageiro e um tanto quanto tóxico vem essa fase do desapego, que serve a priori e, acima de tudo, para que a pessoa consiga se ver sem a outra, feliz e autossuficiente.
Na realidade no dia seguinte após o término, o ideal é a pessoa acordar totalmente diferente, com a sensação de que não há algo mais em sua vida que houvera outrora. Isso será perceptível porque quando estamos com alguém por muito tempo, é bastante comum acordar e mandar mensagem para a pessoa amada, seja um bom dia ou seja uma mensagem de confirmação de algum programa do dia, dentre outras coisas.
No entanto, o principal fator para iniciar o desapego é aceitar que alguém que se foi não fazia parte de você e que você é capaz de sobreviver sem aquele alguém e que seguir em frente nesse momento é fundamental para que se encontre a felicidade novamente. A frase “Perdi alguma coisa que me era essencial, e que já não é mais. Não me é necessária, assim como se eu tivesse perdido uma terceira perna que até então me impossibilitava de andar, mas que fazia de mim um tripé estável. Essa terceira perna eu perdi. E voltei a ser uma pessoa que nunca fui, voltei a ser o que eu nunca tive: apenas duas pernas. Sei somente com as duas pernas é que posso caminhar. Mas a ausência inútil da terceira me faz falta e me assusta, era ela que fazia de mim uma coisa encontrável por mim mesma, e sem querer precisar me procurar.”, de Clarice Lispector, demonstra o que ocorre após um término e traz a sensação de que esse sentimento faz parte e que é passageiro.
Outras frases assertivas e pontuais também ajudam nesse momento em que você precisa centrar o foco em você mesmo, como pensar “não glorifique o passado”. Embora seja um momento em que a tristeza e a nostalgia vêm à tona e o fato de que é sim importante deixar-se sentir todos esses sentimentos, pois não é recomendável evitá-los, é fundamental para a saúde mental de cada um, ter a consciência de que passado é passado e infelizmente ainda não temos como voltar nele e muda-lo de alguma forma. O passado é algo que precisamos e somos obrigados a lidar e a conviver com. Sendo assim, o passado sempre vai existir, mas caberá a cada um lidar com ele à sua maneira. O importante não é viver o passado glorificando-o de uma maneira em que nada do que vier no presente e no futuro será compatível ou superará o que foi vivido.
Outra frase que inclusive já foi citada messe texto é basicamente o cerne do desapego, que é “seguir em frente”. Não há nada mais conciso e claro do que isso. Destrinchando os sentidos que essa frase pode trazer, temos a questão do passado, temos a questão de compreender que você é livre e suficientemente capaz de viver sem a outra pessoa, e temos a questão do distanciamento. Uma vez que você se distancia, vai seguindo por conta própria e deixando todo o passado para trás, ou seja, podemos dizer que essa pequena, simples e singela frase compila tudo o que precisamos para realmente desapegar. Na atualidade temos a principal variante de “seguir em frente”, que é a seguinte: “seguir o baile”. Os jovens colocaram “baile” no lugar de “em frente”, remetendo ao fato de que não é necessário manter-se em casa e sim sair, de modo a conhecer novas pessoas, para que a anterior seja enfim esquecida.
Embora isso não seja o recomendável para todas as pessoas, uma vez que algumas têm a necessidade de viver uma espécie de fase de “luto” antes de entrar na real fase do desapego, uma hora é importante ela “seguir em frente” ou mesmo “seguir o baile”, mesmo que seja para colocar no status do whatsapp e mandar aquela indireta, que faz com que a outra pessoa também se afaste, contribuindo assim para o término.