Músicas de Protesto à Ditadura Militar

Na época da última ditadura que o Brasil viveu no século XX a liberdade tinha boicote além dos partidos políticos. O poder público desejou reeducar as massas de acordo com os desejos do sistema. A classe artística não ficou com os braços cruzados ao observar a censura suprimir as liberdades individuais. A música representou arma que entrou em uso para combater a repressão.

01: Caminhando: Geraldo Vandré

Considerada por parte dos historiados e especialistas da época do regime militar como a música que foi principal símbolo de contestação contra as ações do governo que visava reprimir a população em nome da causa militar. O povo pode até não saber quem foi Geraldo Vandré, visto que a MPB não fez a mesma justiça para esse artista como outros nomes famosos e também merecedores das posições de destaque.

A música tem apenas a voz e o violão do artista. Tocada como se fosse espécie de marcha fúnebre que em termos práticos retrata o cenário das ruas do país que começava a colher os frutos da globalização tardia e situação política ameaçadora para a população comum, ou seja, a maioria, em principal dos pobres que visavam criticar sem ter apadrinhamento para evitar a tortura.

Embora a faixa tenha sido lançada ao final da década de sessenta do século XX, até os dias de hoje está presente nos manifestos ao redor do país. Também se faz presentes nas novelas, séries e seriados que retratam histórias do começo da era ditatorial. Com as palavras reivindicativas que clamavam o povo para ir às ruas a protestar o artista foi um dos primeiros grandes perseguidos por militares. Depois que causou a sensação entre a força jovem quando tocou no Festival de MPB da Rede Record, acabou por virar hino dos democráticos.

02: Alegria-Alegria: Caetano Veloso

Também representa outra música que transcendeu o tempo para virar símbolo de contestação dos jovens brasileiros. Por causa da gravação Caetano Veloso passou a ser visto como um dos principais inimigos do Estado e por consequência teve que se refugiar no exterior para escapar da ditadura militar. Essa foi faixa principal da minissérie intitulada “Anos Rebeldes”, da Rede Globo. Gravada no ano de 1967.

A música em apesar de ter um tom mais animado do que a canção de Vandré também concedia alto valor por valorizar fatos que se relacionam de forma direta com a rebeldia e necessidade de ser ouvido em forma de paz no país que vivia uma guerra entre governo e população. Clama ao público, independente do tipo social, visa despertar o lado contestatório que existe em cada pessoa.

De modo explícito representava afronta direta contra a violência que era usada no sentido de demarcar o excesso de poder, além de falar mal dos problemas educacionais que voltaram a acontecer desde que aconteceu a ascensão dos militares no poder. A melodia também traz traços da tropicália, que ousou trocar as ricas melodias da bolsa nova por batidas simples e com maior poder pop.

03: Cálice. Chico Buarque

Representa uma das canções mais conhecidas de Chico Buarque e que de certa forma marcou a contribuição do artista contra os militares. Na prática faz analogia das orações que Jesus realizou enquanto esteve em GETSÊMANE.  O compositor fez a brincadeira de confusão de termo ao querer dizer na verdade o cale-se, ou seja, para o povo se calar enquanto a democracia ainda representa algo que estava longe de acontecer em terras nacionais. A letra diz sobre sangue e luta, dois aspectos que se ligavam de forma direta com os anseios da sociedade no começo dos anos setenta do século XX, momento no qual a música foi composta.

Chico Buarque

Chico Buarque

04: Bêbado e Equilibrista: Bosco e Blanc

Embora a composição tenha sido da dupla de sucesso, a faixa ganhou o país quando esteve na voz de Elis Regina, no final da década de setenta. Ao levar em conta o contexto político da época se pode dizer que representou clara mensagem no sentido de acontecer anistia ampla. A música possui tons marcantes e marcou a época em níveis consideráveis porque se relaciona de forma direta com as esposas de dois nomes famosos que morreram na ditadura por estarem contra o governo em questão: Vladimir Herzog e Manuel Fiel Filho.

05: Raul Seixas: Mosca na Sopa

Raul Seixas era formado nas ciências filosóficas e de certa maneira sabia o que estava dizendo ao compor a música. Com uma mistura de música baiana, o artista que dizer de modo simbólico que a população brasileira representava a mosca, ao passo que os governantes ficavam com a posição da sopa. Nesse sentido, por mais que o poder público suprimisse a liberdade individual de diversas formas distintas, não existia como ficar tranquilo, porque o povo sempre incomodaria até se sentir livre para pode escolher os representantes políticos. A música foi gravada no começo da década de setenta do século XX.

            06: Proibido Proibir: Caetano Veloso

.           A voz de Caetano Veloso foi marcante no final dos anos sessenta do século XX no sentido de representar os anseios de grande parte da sociedade que não estava satisfeita que a ascensão dos militares que acontecia desde a primeira metade da mesma década. Especialistas apontam que a música retratou as significativas mudanças na cultura que os grandes centros urbanos do Brasil estavam vivendo. Quando tocou o som em São Paulo o artista foi vaiado por causa do público que na apresentação era em sua maioria a favor da ditadura no poder.

Caetano Veloso

Caetano Veloso

07. Apesar de Você: Chico Buarque

Chico Buarque estava entre os primeiros nomes da lista entre as figuras que causavam maior pressão no governo, ao lado de Vandré, Caetano Veloso e Gilberto Gil. Quando Geisel subiu ao poder no começo dos anos setenta, não esperava receber essa música como forma de homenagem negativa do seu governo. Por incrível que pareça o artista conseguiu passar por órgãos repressores ao aponta que na música existia uma simples briga de casal na qual a mulher representa a parte brava da relação. Porém, poucos dias depois de tocar nas rádios, o poder público percebeu o erro e não demorou a aplicar a censura.

Artigo Escrito por Renato Duarte Plantier

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