Poemas de Fernando Pessoa

Fernando Pessoa, cujo nome completo é Fernando António Nogueira Pessoa, nasceu na cidade de Lisboa, no dia treze de junho do ano de mil oitocentos e oitenta e oito, e se tornou um grande poeta português, além de ter sido também um comentarista político, um crítico literário, correspondente comercial, empresário, um inventor, astrólogo, publicitário, tradutor, ensaísta, dramaturgo e também filósofo. Sendo mais conhecido por sua carreira de poeta, e ao mesmo tempo, o poeta de seu país de maior destaque mundial.

Fernando Pessoa foi educado na África do Sul, em uma escola que era católica de origem irlandesa, por isso, ele aprendeu melhor o inglês que o próprio português, e começou a escrever em inglês. Ele é considerado um dos melhores escritores da língua portuguesa e também da língua inglesa. Ele publicou quatro obras em sua vida, sendo que três delas foram escritas em inglês, além disso se tornou tradutor de grandes obras de um idioma para o outro.

Ele era um escritor que escrevia por meio de heterônimos, e esses heterônimos eram bem elaborados por ele. Os mais conhecidos são Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis. Por ter elaborado de forma tão vívida tais heterônimos, é considerado que ele criou eles de forma completa.

Para alguns críticos de seu trabalho, acredita-se que talvez ele mesmo não tenha se deixado transparecer em suas obras, mostrando somente personagens criados por ele. Dessa forma, ele era um escritor extremamente enigmático. Começou a escrever jovem, por volta dos sete anos, e continuou por toda a sua vida, e mesmo assim,  não se sabe muito sobre ele. Ele morreu muito jovem, com apenas quarenta e sete anos, no dia vinte e nove de novembro de mil novecentos e trinta e cinco.

Apesar disso, possui obras extremamente aclamadas. Vamos conferir alguns dos seus melhores poemas:

Tabacaria (Fernando Pessoa/ Álvaro de Campos)

Tabacaria

Tabacaria

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo.
que ninguém sabe quem é
( E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes
e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.

O Guardador De Rebanhos (fernando Pessoa/ Alberto Caeiro)

O Guardador De Rebanhos

O Guardador De Rebanhos

Eu nunca guardei rebanhos,
Mas é como se os guardasse.
Minha alma é como um pastor,
Conhece o vento e o sol
E anda pela mão das Estações
A seguir e a olhar.
Toda a paz da Natureza sem gente
Vem sentar-se a meu lado.
Mas eu fico triste como um pôr de sol
Para a nossa imaginação,
Quando esfria no fundo da planície
E se sente a noite entrada
Como uma borboleta pela janela.

Mas a minha tristeza é sossego
Porque é natural e justa
E é o que deve estar na alma
Quando já pensa que existe
E as mãos colhem flores sem ela dar por isso.

Como um ruído de chocalhos
Para além da curva da estrada,
Os meus pensamentos são contentes.
Só tenho pena de saber que eles são contentes,
Porque, se o não soubesse,
Em vez de serem contentes e tristes,
Seriam alegres e contentes.

Pensar incomoda como andar à chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais.

Não tenho ambições nem desejos
Ser poeta não é uma ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho.

E se desejo às vezes
Por imaginar, ser cordeirinho
(Ou ser o rebanho todo
Para andar espalhado por toda a encosta
A ser muita cousa feliz ao mesmo tempo),

É só porque sinto o que escrevo ao pôr do sol,
Ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz
E corre um silêncio pela erva fora.

Presságio (Fernando Pessoa)

Presságio

Presságio

O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar pra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente…
Cala: parece esquecer…

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
Pra saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar…

Esses são três poemas escritos por Fernando Pessoa e publicado por alguns de seus heterônimos. Acessando o link (http://arquivopessoa.net/) você pode conferir todas as obras do autor.


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Categoria(s) do artigo:
Reflexão

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Comentários

  • essa mensagen e para vc.

    cledy 20 de Março de 2012 16:43 Responder
  • oi

    elis 5 de junho de 2012 16:51 Responder
  • Sou apaixonada por Fernando Pessoa!!!!

    Eny 4 de Abril de 2014 3:20 Responder

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